Kbças vaum rolar
O caso do empregado que foi parar na guilhotina pela internet
Paulo Luís Carvalho trabalhava em uma empresa de desenvolvimento de softwares. Em função da natureza de seu trabalho, ele só se comunicava com seus amigos através de messenger, e-mails, Orkut, lista de discussão, blogs, fotologs, enfim... Menos no cara a cara, afinal o rapaz era totalmente viciado em internet, do tipo que tem ataques de abstinência se ficar mais de quatro horas longe de computador. Um belo dia, chega na caixa de mensagens de Paulo um e-mail do Pereira, seu chefe, com os seguintes dizeres:
"Kbças vaum rolar..."
Paulo Luís entrou em pânico. Em sua mente, veio logo a idéia: "vai rolar corte de pessoal aqui no serviço". Paulo era conhecido por ser um cara muito estressado e essa característica foi se acentuando ao longo dos anos, à medida em que ele se viciava na comunicação via internet. Afinal, como não via a cara de nenhum de seus amigos e as mensagens que recebia eram do tipo "vc ta aí?", "kd minha encomenda" e "falow", a interpretação dele era sempre assim: "vc ta aí, seu filho de uma égua?", "kd a porra da minha encomenda, desgraçado" e "falow para vc e a vaca da sua mãe". Detalhe: ele nunca se dignou a, pessoalmente, chegar aos autores das mensagens e perguntar o que realmente eles queriam dizer.
Com a cabeça fervilhando, Paulo Luís resolveu enviar dezenas de e-mails para todos os funcionários, contando a bomba. De repente, um surto coletivo tomou todo o escritório. Mas era um surto peculiar: ninguém se levantava da frente de seu computador para perguntar o que realmente estava acontecendo. Risadas nervosas iam se alastrando e de vez em quando alguém soltava um palavrão. Nesse meio tempo, surgiram e-mails, listas de discussão, conversas coletivas no msn, comunidades no orkut como "Pereira, por favor, não tire meu emprego", enfim... A histeria tomou conta do pedaço. Afinal, quem seriam os condenados ao olho da rua?
Mas que estranho... O Pereira sempre foi um chefe boa praça. Nunca se furtou em receber seus funcionários no escritório e era sempre aberto a críticas. Era um cara bem bacana, não era do seu feito fazer esse tipo de insinuação. Ninguém pensou em fazer o óbvio: levantar-se da cadeira, ir ao escritório do Peixoto e perguntar-lhe o que significava o e-mail misterioso.
De repente, o Pereira entra no escritório. Paulo Luís, que já havia tomado sete xícaras de café, fumado quatro cigarros e colocado o seu iPod em volume máximo, levanta-se da frente de seu computador e grita:
FILHO DE UMA P*&%$#@!!!! COMO VOCÊ PODE ME MANDAR EMBORA!!!! VOCÊ TEM QUE MANDAR EMBORA O ERNESTO!!!! ELE TE ODEIA, SABIA?????????
E não deu outra. Paulo foi demitido na hora.
A propósito: o tal e-mail dizendo "Kbças vaum rolar..." tinha ido para a caixa postal de Paulo Luís por engano. Pereira, na verdade, queria enviá-lo a sua esposa. Era uma espécie de código, em que ele sugeria: hoje, o sexo vai ser do bom.
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