sábado, 7 de fevereiro de 2009

Desprovidos de sentimentos


Ontem tive a minha primeira decepção no Japão. Depois de enaltecer tanto as qualidades deste país, sou obrigada a começar a falar das coisas negativas.

É sabido que o povo asiático é muito frio. Na verdade, não sei se é bem essa a palavra certa. Dizem que o japonês é uma pessoa fria e que não se emociona nunca. Eles nunca se abraçam e são bem rigorosos na educação dos filhos. Aqui o índice de suicído é muito grande. Segundo algumas pessoas eles são solitários. Claro que não podemos confundir a idiosincrasia deste povo com a nossa. Cada um com a sua cultura, a sua mania e o seu modo de ser. Os costumes são diferentes e por que não o modo de ver e de sentir as coisas.

Pois bem, fiz amizade com um casal do Sul do Brasil que mora em Nagoya há 5 anos. Nos tornamos amigos e até passamos o Natal juntos. A filha deles, uma menina linda, conquistou a minha simpatia. Nicole, é uma garotinha de 6 anos, hiperativa mas muito inteligente. Me orgulho de ter ensinado algumas coisas em português para ela.

A mãe da Nic, apelido carinhos da Nicole, ficou grávida e optou por ter o bebê aqui em Nagoya. Os 9 meses se seguiram tranquilos. Os pais radiantes a espera do filho. A gravidez estava já na fase final. Os japoneses optam pelo parto normal. Ate´aí, tudo bem se não fosse o histórico da Va de uma cesária anterior e o atendimento que necessitou.

Na quinta-feira ela foi internada pois faria a cesária na sexta-feira. As coisas mudaram o rumo do nascimento. Ela começou a sentir fortes dores e já internada, pedia pelo amor de Deus para ser atendida pois tinha dores horríveis. Devido aos gritos, a transferiram de quarto.

Ela, sentindo fortes dores, pedia um médico e a resposta da enfermeira era que naquela hora, às 3 horas da madrugada, não haviam médicos no hospital e que ela teria que esperar às 8 da manhã. Quando pediu para ligarem para a médica que a acompanhava no pré-natal, tb a resposta foi negativa. Não podiam ligar para a Doutora às 3 da madrugada.

Conclusão: só resolveram atender a moça depois que os batimentos cardíacos do feto cairam. O bebê entrou em sofrimento e a Va entrou em trabalho de parto, momento em que resolveram fazer a cesária, mas mesmo assim levaram 1 hora para ajeitar a sala de cirurgia.

O bebê nasceu de parto normal, com o cordão umbilical fazendo duas voltas em torno do pescoço e morto.

Essa noite, após um quadro febril, Van chamou a enfermeira para que lhe desse um remédio. A resposta de enfermeria foi de que não possuia remédio.

Van respondeu: não tem remédio e nem médico neste hospital?
Além destes fatos, o que me chocou muito foi tb que eles entregam, à paciente, os saquinhos com remédios a serem tomados e não deram sequer um cópo com água. O doente que se vire para tomar remédio.
Ela tem que ir sozinha ao banheiro, tomar banho e ainda tomar os remédios.
O descaso foi muito grande. Me pergunto se tem a ver com o preconceito deles com os estrangeiros. Talvez se sintam invadidos no seu espaço pelos brasileiros. Só espero que eles não se esqueçam que o Brasil, há 100 anos, abriu as portas para os mais de 700 japoneses em estado de penúria aqui no Japão.
Agora os meus amigos estão sofrendo a perda do filho. O pior de tudo foi ver a Nic, uma menina de apenas 6 anos chorando a perda do irmãozinho que, ainda no ventre materno, ela aprendeu a amar.
Eu quero o meu irmão, eu quero o meu irmão...foi triste houvir isto da boca de uma menina que estava aos prantos.
Pensei que o descaso fosse somente no Brasil e nos EUA, mas vejo que aqui também. A frieza desse povo vai além da imaginação.
Foi um erro grosseiro. Creio que qualquer leigo em medicina deve saber a hora em que uma pessoa necessita de um médico. Não precisa ir muito longe para se dar conta de quando uma pessoa realmente está em sofrimento.
Desde o momento em que a bolsa estourou, ela deveria ser atendida por um médico. Deveria ter alguém a seu lado.
Inconcebível o tipo de atendimento dado a ela. Um hospital que não oferece segurança a ninguém pois eles não estão nem aí para o sofrimento alheio.
Foi assassinato.... o que aconteceu é crime.
O sofrimento que agoram passam os meus amigos Adriano e Vanessa não tem limites. Só quem perde um filho é que sabe o tamanho da dor.
Que Deus ajude a todos neste momento tão sofrido.

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